viernes, 3 de julio de 2009

Impossível

Disseram-me hoje, assim, ao ver-me triste:
“Parece Sexta-Feira de Paixão.
Sempre a cismar, cismar de olhos no chão,
Sempre a pensar na dor que não existe…

O que é que tem?! Tão nova e sempre triste!
Faça por estar contente! Pois então?!…”
Quando se sofre, o que se diz é vão…
Meu coração, tudo, calado, ouviste…

Os meus males ninguém mos adivinha…
A minha Dor não fala, anda sozinha…
Dissesse ela o que sente! Ai quem me dera!…

Os males de Anto toda a gente os sabe!
Os meus …ninguém… A minha Dor não cabe
Em cem milhões de versos que eu fizera!…

Florbela Espanca.



IMPOSIBLE

Alguien me dijo ayer, al verme triste:
pareces como un viernes de pasión,
siempre escarbar heridas sin cerrar,
siempre rumiar dolor que ya no existe.

¿Qué es lo que tienes, que andas siempre triste?
Debiera estar contenta y no pensar;
cuando se sufre aconsejar da igual
si el corazón no acierta ni a olvidar.

Si los males ninguno me adivina,
de dolor que griten las esquinas,
quién sabe lo que siente, ay, quién supiera!

Los males de él, que todo el mundo sabe,
los míos ninguno y mi dolor no cabe
ni en cien millones de versos que le hiciera.


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